quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A revolta das Marias

Pensando bem acho que vai chegar a nossa hora.


Lembram-se de Deu-la-Deu Martins? Da Padeira de Aljubarrota? Da Maria da Fonte?

E de todas as marias e não Marias, ou seja, Mulheres ligadas a lutas pela liberdade?

Lembram-se?

Porque esperamos mais?

Já viram que não conseguimos libertar-nos dos caprichos dos machos?

Ele é Poetas Alegres! Ele é Defensores de Mouros e não sei quê! Ele é Aníbal Cavaquista!

Ele é Nandinhos! Ele é Xiquinhos!

E nós? Porque não nos candidatamos?

Que diacho, deixamos que eles nos seduzam, nos levem prá cama, nos façam cair na cantiga do bandido e na esparrela, nos encham a barriga de trabalho, depois é vê-los a partilhar tarefas, eles sujam nós limpámos, eles comem o que nós cozinhamos, eles comem-nos nós parimos…

Fónix…estou cansada!


Vamos dar a volta a esta crise?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Vem por aqui ou vai por ali!

Quando a minha querida mãe me “botou” ao mundo estava certamente convicta que a minha missão na terra era a de confortar os carenciados, alumiar os apagados, beijar os maltratados, abraçar os namorados, cantar ao desafio, apagar os iluminados, ser o braço dos mutilados, consolar os amuados, amar os mal amados, acalmar os desesperados, confiar nos desconfiados, desbravar os mais fechados, libertar aprisionados, excitar os acalmados, incitar os mais parados, acalmar os irritados…aprender outros estados, outras formas de sentir, quem sabe um dia parir um mundo melhor que há-de vir!


Minha mãe sabia o que eu desconhecia. Ela foi e eu fiquei pensando que era rainha!

Mas não!

Sou rei!

Quem sabe, talvez um Gay… pois tudo aquilo que sei foi por me ter dado a quem dei!

Caga nisso, vai já dizer quem tem um pensamento Deep! Eu sei – se isso fizer e ao peito puser, as cruzes que hoje carrego, talvez possa dizer à minha mãe: - Esta Maria, tua filha, sabe o caminho que trilha, por isso a vês declamar o poema que trago até aqui: (Cântico Negro - Poemas de Deus e do Diabo- José Régio (Poemas de Deus e do Diabo)

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...


A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!


È mesmo assim mãe!


Não vou por aí nem vou por aqui…não sei por onde vou!


Mas sei que chegarei até ti

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A Unha encravada e o Joanete

Porque será que quando acontece algo temos que encontrar logo um culpado?


Um conhecido, de longa data, desviou-se para o exterior dos seus eixos, ou seja saiu dos eixos porque o seu amo enfiava-lhe diariamente meias e calçado inadequado.

Em contrapartida, a amiga que morava na sua extremidade queixou-se de estar entalada, porque andaram a tratá-la de forma incorrecta, não só no corte mas também no acumular de sujidade potenciada pelo suor.

Tal como o meu conhecido, sinto-me a sair dos eixos porque me querem enfiar barretes pouco adequados à função.

Se me tratam mal é provável que termine entalado.

Ora, estou a referir-me tão somente ao joanete e à unha encravada…

Quem já experimentou o mal-estar que fuja da primeira pedra.

Eu, dispenso a pedrada que serve no Afeganistão para condenar à morte as mulheres que cometem adultério.

Isto de ser mulher fogosa como eu me sinto e pensar que a coisa pode ficar encravada, sem cometer qualquer tipo de adultério, até me dá vontade de chorar.

Não pelas dores… mas por saber que tudo depende da “intervenção humana”!

Há quem tenha mais sorte e encontre quem lhe calce a bota folgada, assim como lhe apare o jogo e lhe faça a higiene adequada…coisas que muitos se demitem de efectuar.

Depois são os outros que pagam as facturas!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Pano e/ou a Nódoa...

Se é verdade… que no melhor pano cai a nódoa!
O pano sou eu, os outros…as redes sociais, a Net com o nosso querido blogger
O Pano é o meu mundo e o mundo dos outros!
Ser um pano, uma variação de cores e texturas femininas num ser masculino… o pano!
A minha casinha, modéstia à parte, sempre esteve limpa e arrumadinha, pois então, não fosse eu uma Mulher de armas, modéstia à parte. E, modéstia à parte, sendo uma dama de bom trato, nunca me assustaram as quedas de resíduos no pano que preenchia a dita casinha.
Não escondo que me atrapalhavam algumas das coisas que por lá caiam porque, mal as visitas viravam as costas, lá ia eu, prazenteira, modéstia à parte, limpar a dita.
Quem diz a dita, também pode pensar na desdita que são os traumas provocados pelas pequenas manchas.
Ele era vinho e diziam-me que era alegria, ele era azeite e falavam-me em tristeza, ele eram molhos e molhinhos e lágrimas (estas também mancham quando são de dor ou de tristeza). Pensamentos leva-os o vento e por isso eles não manchavam, apenas sujavam o querido paninho…
Até que um belo dia, ou talvez não, talvez um dia de nevoeiro, quem sabe, derramei um liquido, incolor, inodoro e insípido, que me parecia ser isso mesmo, a água e deitei tudo a perder…
O incolor da coisa ganhou mais cores do que o arco-íris, o inodoro tresandou a raiva e o insípido passou de insonso a salgado e repleto de fel…
O que teria feito eu para merecer que no melhor pano, modéstia à parte, caísse a nódoa.
Dizer paciência é resignar-me na certeza da minha sinceridade…a nódoa caiu está caída.
O pano estragou-se está estragado, que querem que faça?
Martirizar-me, só se fosse uma novela! Não vale a pena!
Vou seguir o conselho do JPP “ Ninguém é de Ninguém”
“Conta-me histórias de tempos
A que eu gostaria de voltar
Tenho saudades de momentos
Que nunca mais vou encontrar
A vida talvez sejam só 3 dias
Eu quero andar sempre devagar
Até a ti chegar


Ninguém é de ninguém
Mesmo quando se ama alguém
Ninguém é de ninguém
Quando a vida nos contém
Ninguém é de ninguém
Quando dorme a meu lado
Ninguém é de ninguém


Quando fico acordado vendo-te dormir
Um raio de sol através de um vidro
Faz-me por vezes hesitar
Na vontade de estar contigo
Melodia paira no ar
Paira no ar


Ninguém é de ninguém
Mesmo quando se ama alguém
Ninguém é de ninguém
Quando a vida nos contém
Ninguém é de ninguém
Quando dorme a meu lado
Ninguém é de ninguém
Quando fico acordado vendo-te dormir”

Ora cá está…valorizo o pano na nódoa, a nódoa no pano ou fico com o pano esquecendo a nódoa ou amo a nódoa que me enriquece o pano?
Tolice a minha, quando pensei que o mundo das Mulheres e dos Homens afinal podia ser melhor!
"Para que ter olhos azuis, se a natureza deixa os meus vermelhos?" (Bob Marley)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Transparência e lealdade

Duas características que uma amiga minha atribui como fundamentais para admirar um homem.
Vai daí, fiquei a matutar naquelas palavras.
“Transparente” é aquilo que deixa passar a luz. Na escuridão das nossas vidas e no martírio da falta de luz e naquilo que lá se esconde, falar de transparência é falar de confiança. Ora. Confiar em alguém é ver esse alguém e reconhecer que há nele um lado oculto (que todos temos). O lado oculto é o segredo a que temos direito. Quando partilhamos tal ou tais segredos credibilizamos a transparência. Mas, o que é que os outros observam e assimilam nessa transparência? Como é óbvio o que lhes interessa e os faz sentir confortados. O excesso de luminosidade contraposta à escuridão pode ter o efeito perverso de nos fazer ver mal as coisas e quantas vezes amedrontar-nos por tanta transparência. Daí que a confiança deva respeitar o segredo pessoal. Para que é que outrem precisa de saber tudo sobre mim? A minha relação anterior teve dificuldades que eu não ultrapassei, porquê? Por infidelidade de algum de nós? Por maus tratos? Por falta de maturidade de alguém? Em suma, diria que entendo a transparência como responsabilidade e humildade geradora de confiança mútua.
“leal” a outra palavra que nos leva à lealdade. Lealdade, uma qualidade, sinónima de fidelidade mas muito diferente no prazo que lhe está inerente. Leal por muito tempo, Fiel por quanto tempo? Esta palavra lealdade traz-me a lembrança do dever da mesma, mas será que uma relação não pode permitir uma mudança de opinião? Queiram ou não, ser leal é comungar da mesma opinião de….logo redutora de liberdade individual. Pois, comungamos da mesma opinião! Contudo, o nosso conhecimento e o conhecimento do outro não são imutáveis, pelo que mais uma vez, surge a confiança como a solução para a vida…
Sou confiável? Confio em quem me rodeia? Então sou Responsável, sou Humilde, sou transparente, sou leal e fiel, porque não?
Que diabo, nada acontece por acaso! Até porque “Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida (Provérbio chinês)
Por tudo isto eu sou o que sou e estou como estou…

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Afrontado...

Estou afrontado…
Todos me dizem, quais cavalos pintalgados de zebra, para comer menos.
Porque será que no cérebro, comida e sexo se disputam?
Esta herança de Adão e Eva que se deixaram fotografar nus a comer uma maçã, ainda por cima com bicha…se fosse hoje, os cozinheiros modernos diriam tratar-se de maçã recheada.
Herança que os romanos souberam explorar nas orgias, lambuzando-se enquanto….comiam.
Hoje banaliza-se a vida, come-se tudo e de tudo e daí o afrontamento…e o come menos!
Treta!
Estou afrontado nas ideias e nos ideais, não mete estômago. Digamos que o ditado ter mais olhos que barriga é aplicável, porque como com os olhos(dois) e não como com a boca (uma)…
No entanto, o que como com os olhos afronta-me mais, muito mais e pior ainda, faz-me sentir impotente…e esta coisa afronta-me, numa espécie de insulto pela masculinidade da palavra, num tipo de injúria porque me sinto um fraco, numa inoportunidade que a vida me vai proporcionando e que me obriga a permanecer enxovalhado, não conseguindo encarar de frente o que me aparece, nem enfrentar a angústia de molde a defrontar com determinação o desespero que é a …FOME que vai no mundo!

(PS...esta coisa do dicionário de sinónimos no antónimo da Maria e do Manuel)