terça-feira, 28 de novembro de 2017

#registos

"Não quero isso para mim!"
Que afirmação perentória.
Onde não falta a coragem.
Mas a lucidez na história
Talvez não seja tão simples assim
Porque a luz da nossa memória
Trai-nos imensas vezes sem fim!


(Mariavaicomasoutras)

domingo, 26 de novembro de 2017

#falaremsilencio

Fala!
Fala comigo silêncio
Parece que estás sofrido
Quem sabe...
Se às escondidas
O ruído te perturba
E te fere algum sentido!

Fala!
Fala comigo silêncio
Eu sempre estive contigo
Quem sabe...
Dias e horas seguidas
Navegando em águas turvas
Guardando-te como amigo.

Fala!
Fala comigo em silêncio
Eu gosto muito de ti
Quem sabe...
Agora talvez me digas
Porque calado me julgas
Já que nunca te traí.


(Mariavaicomasoutras)
#comoébeloodia

Como é belo o dia
Na luz que irradia.
Sentir que a presença
Não requer licença
Para estar aqui.
Como é belo o dia
Se o tédio se vai
E então de nós sai
Com carinho um sorriso
Num perfeito improviso.

Como é belo o dia
Se o tempo que passa
Der um ar da graça
Que era o de ver
O mal a perder
Na luta contra o bem
Que é o ombro de alguém.

Que belo seria...esse belo dia!

(Mariavaicomasoutras)

sábado, 25 de novembro de 2017

#camaleão

E agora?
Pergunta banal.
Como é que eu faço
Se chove cá dentro
Tanto como fora?

Não há cor que resista
A um tempo obscuro
Em que há algum pão
Com bolor e tão duro!

E agora?
Pergunta real!
Ser camaleão já não é futuro
No mundo atual
Por ser sobretudo entre semelhantes
O mais torpe engano
Do mundo animal!


(Mariavaicomasoutras)

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

#sextafeiranegra

Quem sou?
É pergunta que se faça
A esta figura íntegra
Das mais conhecidas na praça?
Sou o sexta-feira negra!
Estou aqui a ver quem passa!

De meus pais comerciantes
Desenharam-se os meus genes
Que são dos mais inteligentes
A enganar meio mundo
Com promoções e descontos
Que são um embuste rotundo!

Haverá exceções talvez
Nas vendas ao desbarato
Que convencem sempre alguém.
Não fiquem a olhar pra mim!
Nesta coisa de negócios
Ninguém dá nada a ninguém!

(Mariavaicomasoutras)


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

#espera

As pedras desta calçada
Desgastadas e sem graça
São como estáticos corpos
À espera talvez de nada.

Até o sol com sua graça
Que ali deixa algum conforto
Desiste ao ver que o desgosto
Revive e nunca mais passa.

No desespero da espera
Nada adianta dizer
É que a dureza das pedras...
Só se esvai nas vãs quimeras!


(Mariavaicomasoutras)

terça-feira, 21 de novembro de 2017

#pegadasnaareia

Tantas pegadas deixamos
Anónimas e incruentas
Nas tardes ensolaradas
Sem um pingo de ciúme
Naquelas finas areias 
Onde o sussurro das sereias
Nos despertava os sentidos.

Fixo agora o olhar nelas
À procura dos teus passos,
Ou mesmo da silhueta
Que o teu corpo deitado 
Marcava de forma discreta.
Encontro nas dunas saudades
Dessa partilha de abraços.

(Mariavaicomasoutras)



domingo, 19 de novembro de 2017

#repetidamente

Abre-se a janela
Sacode-se o pó.
Repetidamente... ele paira no ar
Viras-lhe as costas e volta a entrar.
Teimoso que é!

Abre-se a boca
Solta-se a palavra.
Repetidamente... ela não se cala
E tem o efeito por vezes de bala.
Impertinente que é!

Abre-se a pálpebra
Para ver o dia.
Repetidamente... a lágrima sai
Escorre pelo rosto sem dizer um ai.
Tristonha que é!

Abre-se a mente
Na reflexão... está a solução.
Repetidamente... ela chega tardia
Se fosse mais cedo não acontecia!
Retardada que é!

Poeira e palavras...
Lágrimas derramadas,
Com soluções atrasadas sempre em ricochete.
Repetidamente...o dia amanhece de modo diferente.
E mais uma vez tudo se repete!


(Mariavaicomasoutras)
#passoemfalso

Por entre irregularidades
Foi uma família unida
Descalça e desprotegida
À procura de verdades.

Ditou-lhe a sorte malvada
Que à beira do precipício
Ou matava ali um vício
Ou morreria afogada.

Como bons samaritanos
Sempre juntos há bons anos
Pede o pé auxílio à mão.

E sem qualquer sobressalto
O amor falou mais alto
Contornando a tal questão.


(Mariavaicomasoutras)

sábado, 18 de novembro de 2017

"Nada é tão perigoso para aprisionar a inteligência do que aceitar passivamente as informações."(Augusto Cury)
#defeitosefeitios
Não sei se o que dizem
Nem sequer se o que ouço
Vem no eco nas ondas
Ou se perde longínquo
No fundo de um poço.

Num rol de injúrias
Algo bafientas nas cinzas contidas
Há mil corropios
De ideais desgastados
Pelos maus feitios!

Descodificar os sinais
Vulgarmente emitidos mas aprisionados
É ser livre de estar onde os demais
Quase sempre encalham
Sempre que na discórdia permamecem calados.


(Mariavaicomasoutras)

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

#cruzes

Eu fiz uma cruz em nome da Luz!
Eu fiz uma cruz esculpida na pedra.
É um exagero o que ela me pesa
Tudo porque está tão firme e presa.

Olho para a cruz, fui eu que a pus!
Olho para a cruz porque me seduz.
E por todo o tempo que ela perdura
Há nela amor e muita amargura.

É aos pés da cruz que me ajoelho!
É aos pés da cruz que me vejo ao espelho.
O reflexo da imagem por vezes me diz
Mantém a coragem para ser feliz.

Com os olhos na cruz, levanto o véu!
Com os olhos na cruz, exploro o teu céu.
Um raio de Luz mostrou-me o caminho
Quem vai por ali nunca vai sozinho.

(Mariavaicomasoutras)


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

#Eraenãoera

Num momento de arejo
Quando te julgas seguro
Sem o olhar de um patinho.
Acabas um prisioneiro
Das bocas que no escuro
Te observam e confundem
Com um simples pestanejo.
Vá-se lá saber porquê!
Resta fazer um manguito
Tal como fez o Bordalo.
E com sorriso maroto
Porque nunca me atrapalho
Deixo que cantem de galo
E mando-os pró trabalho!


(Mariavaicomasoutras)

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

#diadabondade

Hoje dia da bondade
Alguém me perguntou:
Tens que idade?
Mas que coisa
Se essa verdade tem dono
Desde o dia em que nasci!

Contudo, por ser bondoso
Respondi de modo airoso:
Os anos que agora tenho
Fazem parte de uma tela
Pintalgada de experiências
Que em verdade suportam
Num mundo de aparências
O que consegues ver nela!

Não gostas?
Diz-me a verdade!
Qual a importância da idade
Se ela o Homem não faz
E ele não é capaz
De definir com garantia
Quando finda a sua angústia
E então descansa em paz.

(Mariavaicomasoutras)

domingo, 12 de novembro de 2017

#encontrocosmico

Voltas e mais voltas
Sem nunca parar
À volta de uma estrela
Num sistema solar
Não se cansam de andar.

Quando se aproximam
Mesmo que distantes
Alguém os cobiça
Num mar de ciúmes
E fala entre dentes.

Ai Vénus e Júpiter
Deixai que comentem
O vosso encontro
No gozo que dá
O que os outros sentem!

É que assim se vê
De modo algo cómico
Que há quem veja maldade
De tal forma insana
Num encontro cósmico.

(Mariavaicomasoutras)

sábado, 11 de novembro de 2017

#dizeradeusàsaudade

Uma palavra sentida
Um olhar que nos distrai
A ideia que alguém prende
Nas sombras de um saber
Que se aprende e longe vai.

Abre-se o livro ao acaso
Nada parece igual
Do lido tudo é diferente
Descobrindo em qualquer caso
Que o conhecimento é mortal.

E neste ciclo infindo
Algo aprende quem estuda
Mesmo o que dele se queixa.

Rodando assim vai o mundo
Mas há quem vá de abalada
Levando aquilo que não deixa!


(Mariavaicomasoutras)

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

#Realverdade

Entre o real e a verdade
Vai uma grande distância
O real tem alguma aparência
A verdade muita ambiguidade.

É nessa aparente realidade 
Que muitos se apresentam
E na "bondade" nos deixam
A mentira como sendo a verdade.

Não adianta esconder
O que alguém nos quer dizer
Numa indumentária perfeita

Só há real verdadeiro
Quando o seu timoneiro
Nasce nu e imperfeito.


(Mariavaicomasoutras)

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

#opato

Tão habituado que estava
O pato à lodosa chafurdice
Em qualquer charco nadava
Com um ar de malandrice.

Há quem diga que por vezes
Como patinhos caímos
Importa é ser eficazes
E nesses momentos rirmos.

Quando pela luz do acaso
Numa pata o pato fica
Que se dane o atraso
Se o momento o justifica.

Há sempre um risco contudo
Nessa invulgar serenata
Que é o do pato ficar mudo
E sempre preso pela pata.


(Mariavaicomasoutras)

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

#umaformadeser

Quero que as jovens plantas
Nascidas no sedutor areal
Cresçam livres e sem máculas
Na sua forma natural.

Desenvolvimento sem dor
É muito pouco estimulante
E ser empreendedor
Não carece de mandante.

Crescei, plantas crescei
Sem vos deixar abater
Porque o tempo que esperei
Foi para vos proteger.


(Mariavaicomasoutras)

domingo, 5 de novembro de 2017

#normalidade

É normal...tudo é normal!
Dizem: - Importante é aceditar!
Marés mil vezes repetidas e uma lua enganosa.
Um rio que corre à procura do seu mar.
Um vento que num sopro passa,
E uma folha que ao cair esvoaça.
Uma palavra que inflama e traz consigo uma mordaça!

É normal...tudo é normal!
Mesmo quando se está no teatro
Com atores nos seus papeis decorados,
Que igualmente nos trapaçam
Mas que no fim do espetáculo
Logo ao cair do pano
Há uma plateia que se levanta nas calmas,
A comentar algo da história
Num intenso dilúvio de palmas!

É normal...tudo é normal!
E é assim que então me apercebo
Que o ser-se um ser normal
Depende sempre de um certo tipo de enredo!


(Mariavaicomasoutras)

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

#reset

Tão pura é a magia
Na ilusão que se sente
Talvez por uma surpresa
Se perde toda a certeza
E tudo é tão diferente.

Há caracóis que esvoaçam
Sobre quentes tons de romã
E os pirilampos que há lá
Sedentos ambos me abraçam
Pela frescura da manhã!

Esboço um leve sorriso
Sem nada ali entender
Sinto apenas que é preciso
Formatar o meu juízo
Voltar de novo a nascer!


(Mariavaicomasoutras)

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

#todosossantos

Para todo o sempre
Ficam em silêncio!
São ricos ou pobres
Que interessam os estudos?
O repouso é eterno
De aqui para o além
Resta só a saudade
De uma outra vida
Lembrada por alguém!
Um palmo de terra
Cobre o ser que abalou
Mas liberta uma alma
Que não me deixou.
Ficou só um vazio
E um profundo silêncio
A lembrar-me quem sou!

(Mariavaicomasoutras)
#controvérsiasdeHalloween

Com olhos de ver não se vê
O descontente contentamento que ali há!
Sabe-se, por se saber já e logo
Que na leitura lida por ora e outrora
Há sempre dentro alguém que está do lado de fora!

É a imperfeita perfeição da imperfeição
De seres que sem serem o que são
Se apresentam em conjunto separados
E no dizer habilidoso se desdizem
Sendo nas habituais derrotas conquistados!

Nada sobra do pouco que ainda resta
Das cheias palavras ocas e bacocas
Que uns vendendo assim nos compram
Ditando que o azar será quem sabe a sorte
Nesta vida que sempre conduz à nossa morte!


(Mariavaicomasoutras)