quinta-feira, 31 de agosto de 2017

#másorteoupoucasorte

Acordei! É um novo dia!
Os ventos sopram de Norte
Trazem com eles a sorte
Ou quem sabe as agonias,
Que pairam quais borboletas
Nas soleiras das janelas
Envoltas em fantasias.

Neste quadro há o despertar
De uma princesa sem sorte
Nas traições da nobre corte
Que acabaram por levar
Num frio tunel em Paris
O corpo ao encontro da morte
Por apenas querer ser feliz.

Princesa do povo ou não
O coração de Diana
É o âmago que nos ensina
Que a maior desilusão
Não depende só de nós
Mas mais da incompreensão
Que priva e silencia a nossa voz.


(Mariavaicomasoutras)

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

#quandoalgonosescapa

Que adianta tentar prender
o que da mão nos escapa
Se isso nos faz sofrer
E a dor nos esfarrapa!

O que a memória retem
A mando do coração
É o retalho que mantém
O sopro da ilusão.

Deixemos ficar os dedos
Peganhentos pelo engodo
Dizendo adeus aos degredos
Porque a parte não é o todo.


(Mariavaicomasoutras)

sábado, 26 de agosto de 2017

#cardos

Levado assim pelo destino
Que me arrastou até ti
Dou largas à fantasia
No trilho que serpenteia
Por entre as dunas de areia.

Na tentação do teu bronze
Não consigo dar a volta
Já nem sequer vejo o mar
E sem tirar o olhar dali
Sinto que o teu corpo despi.

Entre curvas, contra curvas
Depressões e promontórios
Transpiro e fico ofegante
Num terreno assaz selvagem
Sinto um ar altamente triunfante.

Com os dedos, vou-te tocando ao de leve
Correspondendo ao desejo
De um abraço tão sentido,
Mas sem lugar a retardos
Porque não é permitido... abraçar assim os cardos!


(Mariavaicomasoutras)

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

#fotografias

A arte de quem faz fotografia 
é esta que que agora vemos
Despertar as consciências
Das causas com que vivemos.

Sim, porque, por e com causas reais
Se constrói o diário imaginário 
Que nos faz decerto desiguais
E conduz ao inevitável fadário.

Tudo porque o humano ser
Na sua intelectualidade alimenta
Aquilo que julga conhecer
Da bonança que chegará após tormenta.

E num invulgar fratricídio
Transforma a vida em tourada
Onde se liquida a si próprio
Sem olhar para mais nada!

Deixa assim de tal forma apreensivo
O fotógrafo que documenta ao vivo 
Num instantâneo reflexivo
A arquitetura de um local facultativo!


(Mariavaicomasoutras)
#fugas

Fujo de ti porque fujo
Fujo de ti porque sim
Fujo de ti porque enfim
Também tu foges de mim...
Fujir contigo é uma fuga
Interpretada assim
Fugir contigo é uma ida
Sempre com volta no fim...
Para quê fugir assim
Só porque te parece
Ou porque ao corpo apetece
Mal a ideia te aparece...
É que minha mente esquenta
Sem saber se aguenta
No fulgor que a alimenta
Tanta pressão junta assim...
Deixa então que o apetite
Resfrie o seu arrebite
E concluas que a fuga
Vai ter que ficar assim...
Em que foges porque foges
Em que foges porque sim
Em que fujo porque fujo
De fugires assim de mim!


(Mariavaicomasoutras)

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

#aqueleolhar

Quando pela tardinha rumava
Ao Central para arejar as ideias,
Enquanto hidratava as veias
Um olhar sempre encontrava.

Era único, fresco e irresistível
De tal modo malandreco e cativante
Naquele rosto empolgante
Uma montra do mais puro alto nível.

Hipnotizado pela fixação desse olhar
Senti a minha perversa mente a levitar
Qual vôo de um pequeno passarito.

Mas nos sonhos há um controlo remoto,
E a dona do café ao reparar naquela foto
Disse logo: "Ah! É o olhar do meu patito!"


(Mariavaicomasoutras)

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

#almafria

Naquela amálgama de corpos
Senti que havia almas frias
Por estarem sempre sós, no meio de companhias...
Que nunca lhes dão uns confortos.

De que serve ser bela e tão charmosa?
Se nos bons momentos está presa
Por quem lhe propõe cama e mesa
E mil sonhos cor de rosa?

Confesso que me arrepia
Ver aquela alma fria
Por tanta incompreensão.

É que quem com asas nasce
Voando livre...logo ali floresce
Sem nunca se sentir na prisão.


(Mariavaicomasoutras)

domingo, 20 de agosto de 2017

#perguntas

Discípulos por onde andais?
Perto ou longe que fazeis?
Pois eu nunca vos vi mais
Vós eras o meu sustento.

Será que na amizade escondeis
As mágoas que vão lá dentro?

Tanto quanto em vós penso
A todo e qualquer momento
Dizei se ainda me quereis
Sinto-me um ser ao relento...

Perto ou longe que fazeis?
Discípulos, por onde andais?


(Mariavaicomasoutras)
#vianaéamor

Em noite de serenata
Fui passear no jardim
Procurava a candidata
Com um odor de jasmim.

Numa atitude sensata
Fui apurando o sentido
Com uma postura inata
Que carrego envaidecido.

O meu corpo estremecia
No ribombar estonteante
Do belo fogo que via
Ao longo da velha ponte!

E numa incrível surpresa
Entre imensos reflexos
Vejo uns olhos de princesa
Que me deixam perplexo.

Fiquei logo prisioneiro
Daquele olhar matador
Que me disse qual letreiro
Sou Viana o teu Amor!

Acabou! Fez-se silêncio!
Na multidão te perdi.
Vou fazer um sacrifício
Até ao próximo ano e voltar a ver-te ali.

(Mariavaicomasoutras)


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

#Vianaprincesa

Pintei a minha princesa
Com as cores do arco íris.
Com mãozinhas nos quadris
Era a imagem da beleza.

Toda ela engalanada e a brilhar
Banhada pelo mar e pelo rio
Põe o povo em tal delírio
Quando se apresenta ornada.

Ai minha princesa Viana
Do Castelo que te aclama
No Reino de fantasia da Sra d'Agonia.

Que as Mordomas, quais damas
Ao compasso batam palmas
Na melhor da poesia.


(Mariavaicomasoutras)

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

#sinaisdavida


Quando abertos para a vida
Os olhos com que nascemos
Vão captando o que vemos
Mesmo a coisa mais fingida 

Do sol, da terra e da lua
Tomados como um exemplo
Abrem- se as portas do templo
Sai a fantasia à rua!

Decora-se tudo a preceito
Num alinhamento perfeito
Dando expressão a uns egos

Na imagem do alinhamento
Surge sempre um eclipse
Que nos equipara a cegos!

(Mariavaicomasoutras)

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

#metáforasviajantes

Vai assim um amigo enfermeiro  clamando
Com seu sarcasmo inaudito
Que nauseou a mente do aflito
Com talher indigesto apresentando!

Comer ilusões tem um tal preço elevado
Que alguns por elas tragados são
Não porque lhes caiam na mão
Mas antes pelo veneno atiçado!

Que a vetustez daqueles troncos despidos
Os penetre aprofundando sentidos
Onde nada nem nunca se sentiu

E nessa virginal e angelica metáfora
A minha pobre alma nua implora
A ida deles para o sítio que um dia os viu!

(Mariavaicomasoutras)

sábado, 12 de agosto de 2017

#ponteirosdeumqualquerrelogio

Saltitando assim caminhas
Deixando um rasto indelével
Que canseira o teu andar
Aos saltos e às voltinhas
Que até troco o meu olhar.

Dás as voltas no terreiro
Como se fosse a dançar
Até o tempo que passa
Por nós de qualquer maneira
Espera acordado ao luar
Suspirando a noite inteira.

Nem sei porque te admiro
Já que de ti nada espero.
Até acho que és um perigo
Para ser mesmo sincero.

Acabas piscando o olho
Ao par que sempre acompanhas
Prefiro o caminho que escolho
Às tuas vulgares artimanhas...


(Mariavaicomasoutras)
#colagensparasitoides

No antro de tanta e cíclica desgraça
Está sempre um cruel incendiário
Que vendo tudo virado ao contrário
Aproveita e fomenta o caos na praça.

Tendo a praça um odor quase académico
Onde se ensaiam e atiçam os discursos
Fazem-se infantis figurinhas de ursos
Em ambiente de sarcasmo quase endémico.

Uma enorme sede de poder por não o ter
Que está sempre qual cogumelo a renascer
Diz de imediato presente por ser a mais evidente.

Deixando em míseras cinzas a nobreza da tal ética
Com atitude virtuosa mas enormemente patética
Numa espécie de paródia num carnaval permanente.


(Mariavaicomasoutras)

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

#oxalásejasempreassim

Ao entrar pela estreita porta
No reino dos oxalás
A única coisa mais certa
É a dúvida dos amanhãs

Será que adianta abrir
Um caminho sem retorno?
Às vezes mais vale sorrir
E meter o oxalá no forno.

Oxalá! Isso é  promessa?
Oxalá! Terá isso algum sentido?
Oxalá! Todo o mal nós dispensemos...

Que a dúvida só interessa
A quem nelas está metido?
Isso... todos nós já o sabemos!


(Mariavaicomasoutras)

domingo, 6 de agosto de 2017

#whatisart

Fazem-se tantas perguntas
Nas horas dos nossos dias
Algumas não têm respostas
Noutras largam-se heresias.

Mas afinal o que é arte?
Foi o que se questionou.
Talvez por ver em toda a parte
Tudo o que alguém criou!

Fiquemos então com esta
Que tenho para vos  dizer
Sobre o que a arte nos deu:

A arte é um sentimento de festa
A arte é uma forma de estar e de viver
Afinal tudo é arte e esta também sou eu!


(Mariavaicomasoutras)

sábado, 5 de agosto de 2017

#queosdiassejamassim

Não há dois dias sempre iguais
Entre o deitar e o acordar
Há pesadelos no sonhar
Que são manifestos sinais.

Fazemos triste o amanhecer
Num dia em que vivos estamos 
Então porque não lembramos
A alegria que é o de podermos viver?

Deixemos que o nevoeiro passe
Que das nuvens o sol se desenlace
Numa singela e natural harmonia.

E com canteiros cheios de flores a abrir
Dos lábios nos saia um franco sorrir
Sempre ao som de um proferido "Bom dia"!


(Mariavaicomasoutras)

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

#acostaresiste

Deu à costa um tsunami
Num país sem igual
A costa virou-lhe as costas
Diz que a onda é irreal!

Tombam vidas, roubam-se armas
Ardem montados que restam
As comunicações têm falhas
E os lesados protestam

Rolam cabeças em secretarias
Por um qualquer motivo incrivel
A onda enrola há muitos dias
E a dívida cresce de modo temível.

Mas a costa nunca dará à costa  
Nem mostra o coração que fraqueja
E na evasão de um cansado discurso
Faz com que a erosão não se veja.


(Mariavaicomasoutras)